Aos 43 anos, mulher descobre ser autista. “Não é coisa só de criança”

Por CompartilharnaRede
02 de Abril de 2024
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“Desde criança eu já tinha sinais claros para diagnóstico de autismo, pelo conhecimento que se tem hoje sobre o TEA, mas não era assim na década de 1980”, conta Cássia que, viveu 43 anos, dos 44 recém completos, sem saber que era autista.

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Antes do diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA) de nível 1 de suporte, Cássia conta que passou por diversos tratamentos com remédios fortes para várias doenças mentais e emocionais. “Falta ainda aos profissionais o conhecimento de que o autismo existe em adultos e que as formas de expressão do TEA são diferentes do que é esperado em crianças”, diz a especialista em planejamento e criadora de conteúdo para as redes sociais.

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Hoje, com cerca de um ano de diagnóstico, ela diz que finalmente passou a abraçar as suas dificuldades e a se enxergar como uma pessoa vitoriosa, já que antes se via como “fresca e incompetente”.

“Mesmo que aos trancos e barrancos, cheguei até aqui sem nenhuma ajuda profissional especializada. Perdoei minha infância. Perdoei minhas esquisitices, passei a gostar um pouquinho de mim”, compartilha ela.

Cássia conta que o maior desafio do diagnóstico tardio para ela é o luto de perder a “persona” que criou.

“Como não sabia contra o que eu estava lutando, nunca desisti de ser normal. Eu achava que um dia iam saber o que eu tinha, me dariam um remédio e eu ficaria boa. [Com o diagnóstico] tive que ‘enterrar’ simbolicamente a Cássia que eu achava que poderia ser. E eu gostava (e ainda gosto) do personagem. Eu gostava (e ainda gosto) de pensar que um dia eu seria normal”.

Literalmente Autismo

Devido a falta de informações sobre o autismo em adultos e a necessidade de desabafar sobre as experiências que vinham com o diagnóstico de TEA, Cássia “Literalmente” criou o canal Literalmente Autismo (@literamente_autismo).

“Criei porque eu precisava desabafar o que estava sentindo durante o processo de investigação. Depois eu fui reunindo tantas informações que resolvi continuar publicando para compartilhá-las e ajudar outras pessoas a encontrar a própria paz e as próprias respostas”, afirmou.

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Com as publicações diárias e interações com os quase 120 mil seguidores somados nas redes sociais, ela conta que, finalmente, se sente parte de uma comunidade. “Sempre escondi minhas ‘esquisitices’ e achei que expor não daria em nada. De repente a conta foi crescendo e vi muitas pessoas como eu, relatando experiências iguais, dando dicas… Me senti parte de uma comunidade pela primeira vez na vida”.

“[Com os vídeos] espero que a sociedade, incluindo os médicos, entendam melhor o que é o autismo para poder ajudar todas as pessoas que sofrem com o espectro sem saber que estão nele. Espero quebrar o estigma de que autismo é coisa de menino de 5 anos de idade e entendam que há autistas de todos os níveis e de todas as idades, cores, classes sociais que precisam de pequenas adaptações para serem felizes e participarem do mundo onde vivemos.”

 

A agora influencer, apesar de compartilhar suas experiências, chama atenção para o autodiagnóstico. “[O autodiagnóstico] não é uma boa opção porque entender o que é autismo é algo complexo. Ter características de autismo não significa ser autista. As pessoas se prendem muito nos exemplos cotidianos, como ‘sofro quando saio da rotina’, e não conseguem medir o tamanho da dificuldade que coloca uma pessoa no espectro ou não. É importante procurar um especialista”.

Redes sociais e diagnóstico

Na opinião do psiquiatra Vital Fernandes Araújo, há um aumento expressivo no número de diagnósticos de TEA na fase adulta, o que não necessariamente significa um aumento no número de pessoas autistas.

De acordo com o médico, dentre os fatores para o número de diagnósticos estar em crescente estão um maior conhecimento e divulgação sobre o autismo, mudança nos critérios de diagnóstico e maior procura e demanda por suporte para lidar com os desafios do transtorno.

Para Vital Fernandes, vídeos na internet sobre autismo acabam por ter impactos tanto positivos quanto negativos no diagnóstico e na compreensão do TEA e, por isso, é importante que o público seja crítico com o conteúdo que consome e busque sempre orientação de profissionais de saúde.

De acordo com o psiquiatra, “o lado positivo é uma maior conscientização, que ajuda a desmistificar estereótipos e a promover uma compreensão mais ampla e diversificada, além disso a redução de estigmas e o compartilhamento de experiências conecta famílias e indivíduos com autismo, criando uma comunidade de apoio”, explica.

Já o lado negativo é que “nem todo vídeo é criado por especialistas, o que pode levar à disseminação de informações incorretas ou desatualizadas. A facilidade de acesso a essas informações também pode levar algumas pessoas a tentarem se autodiagnosticar ou diagnosticar seus filhos sem a consulta de um profissional qualificado”.

O médico, por fim, aconselha àqueles que têm um diagnóstico recente de autismo. “Receber um diagnóstico de autismo pode ser desafiador, mas é importante aceitá-lo como uma parte importante de quem você é. Busque conhecimento e maneiras de desenvolver suas habilidades e melhorar sua qualidade de vida. Não se compare e não tente ser quem você não é”.

Autismo no Brasil

Por fim, na opinião de Cássia, ainda há muito a ser feito no Brasil para os autistas. “Acessar um médico competente para fazer diagnóstico de autismo é caro, assim como os tratamentos disponíveis. Muitas pessoas ficam sem diagnóstico médico justamente por isso”, cita.

Outra grande dificuldade, no ponto de vista de Cássia é encontrar atendimento para adolescentes e adultos autistas. “Não há praticamente nada e nem ninguém preparado. É tudo muito experimental ainda. Como preparar um autista adulto para uma entrevista de emprego? Para manter a própria casa funcional, limpa e organizada? Para cuidar de filhos, que provavelmente também serão autistas? Como preparar autistas para relacionamentos amorosos? E como ensinar a lidar com a sexualidade e vida íntima?”, questiona a criadora de conteúdo.

 

“Enfim… a maioria dos adultos autistas vive sem ter parte dessas experiências e não sabe como se desenvolver para conseguir vivenciá-las de maneira saudável”, finaliza Cássia. (Via: Metrópoles)

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