Camponesas fazem ato de solidariedade às mulheres vítimas de escalpelamento

Por CompartilharnaRede
07 de Dezembro de 2014
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Camponesas fazem ato de solidariedade às mulheres vítimas de escalpelamento na Amazônia doando seus cabelos

A tarde de quarta-feira, 20, na programação do I Encontro Nacional do Movimento de Mulheres Camponesas, foi marcada por emoção e solidariedade. Camponesas presentes no evento fizeram fila para cortar e doar mechas dos seus cabelos às mulheres vítimas de escalpelamento na Amazônia, principalmente nos estados do Amapá e Pará. Os acidentes com escalpelamento ocorrem quando o cabelo enrosca e é puxado e arrancado por motores de grande rotação e sem proteção nos barcos da região amazônica. Esses motores também podem arrancar orelhas, sobrancelhas e enormes partes da pele do rosto e do pescoço, provocando deformações graves e até a morte. Entre as vítimas, a maioria é de mulheres e crianças.

De acordo com Rosângela Piovizani Cordeiro, da direção do Movimento de Mulheres Camponesas e também doadora, o ato, além da solidariedade com as vítimas, serve para chamar a atenção para o grave problema e exigir mais fiscalização nas embarcações, para que os motores não fiquem sem proteção. A deputada federal Janete Capiberibe (PSB/AP), autora da Lei 11.970/2009, que obriga, como forma de prevenir os acidentes, a cobertura do volante e eixo dos motores estacionários adaptados às embarcações ribeirinhas, foi ao I Encontro para apoiar o ato de solidariedade das camponesas e comprometer-se com a pauta nacional do movimento.

A camponesa Anita Schwade, de Santa Catarina, disse sentir-se realizada em, de alguma forma, poder contribuir. “É o mínimo que podemos fazer para ajudar em uma situação de tanto sofrimento”, afirmou. Assim como inúmeras mulheres brasileiras de vários estados, a peruana Lourdes Huanca, Presidente da Federação Nacional de Mulheres Campesinas, Artesãs, Indígenas, Nativas e Assalariadas do Peru, também doou parte de sua trança de cabelos negros para a confecção de perucas naturais para as mulheres escalpeladas. “A solidariedade não tem fronteiras”, enfatizou.  Micheli Marques da Conceição, camponesa do Pará, pela primeira vez em Brasília foi outra que deixou parte dos longos cabelos cacheados. “Sinto que vou fazer alguém feliz, que posso ajudar a mudar uma história”, explicou ela.

Com um salão de beleza improvisado montado dentro do Parque da Cidade, onde está acontecendo o I Encontro Nacional do Movimento de Mulheres Camponesas om tesoura nas mãos e emocionada com tamanha participação das mulheres camponesas, a cabelereira Maria Vanilza Mendes Caixeta, que tem salão em Brasília e já desenvolve uma campanha de cortar de graça os cabelos das clientes que se propuserem a doar para as mulheres da Amazônia, não se cansava de fazer novos cortes e guardar com cuidado cada mecha doada. “Tomei conhecimento da situação pela imprensa e pensei que poderia ajudar. Espero que cada vez mais as doações aumentem”, contou.

Depois de separadas, as mechas são enviadas para uma entidade que reúne mulheres vítimas de escalpelamento e os cabelos são tratados para depois serem entregues, já transformados numa peruca natural, às que precisam.

Fonte:mmcbrasil

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