Regra para criação de 'superbebês' viraliza; médicos contestam
Por CompartilharnaRede
Circula nas redes sociais um suposto "protocolo superbebê" que promete aumentar o QI de bebês ainda durante a gestação, por meio do uso de vitaminas e aminoácidos administrados de forma oral e injetável em gestantes. Especialistas e entidades médicas alertam: não há qualquer comprovação científica para essas promessas e a prática pode trazer sérios riscos à saúde da mãe e do bebê.
Sem evidências e com riscos à saúde
O método ganhou popularidade em vídeos de profissionais que sugerem a aplicação de suplementos para "turbinar" o desenvolvimento cognitivo do feto. No entanto, não existe estudo ou diretriz clínica reconhecida que comprove a eficácia ou a segurança desse tipo de intervenção.
A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) se posicionaram publicamente contra o protocolo. Segundo as entidades, a adoção indiscriminada de suplementos e substâncias injetáveis, sem indicação clínica comprovada, pode representar riscos graves, como trombose, infecção, intoxicação, reações alérgicas graves, arritmias cardíacas e até malformações fetais — principalmente se aplicados no primeiro trimestre, período crítico para a formação do sistema nervoso e órgãos vitais do bebê.
Promessas infundadas e violação ética
A Febrasgo reforça que práticas clínicas devem ser orientadas por especialistas e baseadas em ciência de qualidade. Promessas infundadas, mesmo que sofisticadas, não substituem a boa medicina e podem expor gestantes a riscos inaceitáveis. Além disso, a divulgação desse tipo de protocolo viola o Código de Ética Médica e resoluções do Conselho Federal de Medicina, que proíbem a promoção de tratamentos sem respaldo científico.
Suplementação só com indicação médica
A suplementação de vitaminas e minerais durante a gravidez só deve ser feita quando há indicação específica, como no caso do ferro e do ácido fólico, essenciais para prevenir anemia e defeitos do tubo neural. Outras suplementações devem ser avaliadas individualmente e, preferencialmente, administradas por via oral, evitando riscos adicionais de procedimentos injetáveis.
Recomendação dos especialistas
O pré-natal deve seguir as diretrizes do Ministério da Saúde e das sociedades médicas, priorizando a segurança e a medicina baseada em evidências. Gestantes devem sempre buscar orientação de profissionais qualificados e não se guiar por modismos ou informações não comprovadas nas redes sociais.
